O conceito de mimesis poética

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.

Fernando Pessoa, 27/11/1930


terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Literatura Moçambicana, o que é?

Parece caricato fazer esta pergunta após mais de um século de existência duma literatura nacional(ista). Porém, justifica-se um permanente debate em torno da moçambicanidade literária, pois a identidade é um processo contínuo e não se esgotam as opiniões sobre a identidade de um país tão recente, do ponto de vista histórico, mas tão antigo do ponto de vista sociocultural.

Se ser moçambicano já é complexo devido a carga semântica do próprio adjectivo, mais agudiza-se esta complexidade no contexto de uma produção literária em que convergem diversos modelos. Não importa qual critério seja adoptado para definir(?) a territorialidade literária, o importante é sabermos integrar as diversas manifestações que de certa forma traduzem as vivências moçambicanas.

Ao reabrir este debate, espero ouvir as contribuições dos meus estudantes de literatura moçambicana e estudiosos ou simpatizantes da mesma sobre o fenómeno literário moçambicano no século XXI.