O conceito de mimesis poética

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.

Fernando Pessoa, 27/11/1930


sexta-feira, 7 de maio de 2010

Todos os dias chegam corações atormentados, além da morte.
E apesar do horizonte aberto, jazem no chão como pássaros mutilados...
Loucos, sob a hipnose da ilusão.
Suicidas, descrentes dos próprios méritos.
Criminosos sentenciados no tribunal da consciência.
Malfeitores que furtaram de si mesmos.
Doentes que procuraram a enfermidade.
Infelizes a se imobilizarem nas Trevas.
DIVALDO PEREIRA FRANCO in Além da Morte

1 comentário:

  1. Viva Alberto!
    Ainda bem que retomaste a partilha no teu espaço.
    Meditar é a melhor maneira de entendermos os nossos sentimentos.
    Os nossos medos são a água que turva o nosso pensamento. Quando estes passam a água fica novamente limpa. É o que vai acontecer no teu caso. Acredita em ti e vencerás.
    Saudações e bom fim-de-semana.
    Jorge

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